Durante muitos anos vivi num estado de permanente aceleração. Estava sempre a correr de um lado para o outro, cheia de coisas para fazer, sem nunca me permitir parar. Essa pressão constante, essa ansiedade de estar sempre “ligada”, acabou por me levar ao fundo e desenvolvi uma depressão.
O processo de recuperação não foi rápido nem fácil. Mas foi transformador. Aos poucos, fui percebendo que precisava de mudar a forma como vivia o meu dia a dia. Não se tratava de eliminar os problemas, eles continuam a existir, mas de aprender a enfrentá-los com outra visão, com mais calma e presença. Hoje, vivo de uma forma muito mais tranquila. E é sobre isso que quero falar: pequenos gestos, simples, que me ajudaram a desacelerar e a reencontrar equilíbrio.
Rotina para Reduzir o Stress
Criar pequenos rituais diários
Sempre fui uma pessoa matinal, mas antes acordava a correr, sem tempo para nada. Agora, escolho começar o dia de forma diferente. Passei a acordar um pouco mais cedo para poder ter alguns minutos só para mim. Um gesto tão simples como fazer skincare, algo que antes nunca tinha o hábito de fazer, tornou-se um ritual importante. Não é sobre ter uma rotina complicada, mas sim sobre parar e cuidar.
Também faço questão de tomar o pequeno-almoço com calma. Comer bem, sentada, sem pressas, dá-me logo outra energia. Quando consigo, acrescento alguns minutos de leitura e isso deixa-me ainda mais tranquila e preparada para enfrentar o dia.
Outra prática que tem sido essencial é o exercício físico. Não preciso de treinos intensos — basta uma caminhada diária. Caminhar ao ar livre, sentir o sol, o vento e o ar fresco, tem feito maravilhas pela minha saúde física e mental.
Cozinhar devagar e com atenção
A cozinha tornou-se para mim um espaço de terapia. Adoro ver os ingredientes transformarem-se à minha frente, experimentar receitas novas ou simplesmente inventar.
Além disso, gosto de cultivar algumas plantas no jardim, nem que sejam só ervas aromáticas. Acompanhar o ritmo da natureza, perceber que tudo tem o seu tempo, ajuda-me a desacelerar e a aceitar que nem tudo precisa de acontecer já.
Trazer a natureza para dentro de casa
Transformar a minha casa num espaço mais acolhedor também fez parte desta mudança. Introduzi plantas na decoração e percebi o quão terapêutico é cuidar delas. Pequenos arranjos de flores também me trazem imensa alegria. Às vezes, basta colher flores do meu jardim para criar um arranjo floral bonito para decorar o espaço. Estes pequenos gestos tornam a casa mais viva e serena.
Simplificar e abrir espaço
Outro passo importante foi simplificar. O processo de destralhe foi longo, mas libertador. Hoje faço apenas pequenas manutenções, e isso basta para manter a casa mais leve. Descobri que, quando os espaços estão simples e organizados, também a mente fica mais clara.
Menos objetos significam menos coisas para limpar e arrumar, o que me permite dedicar o meu tempo a atividades que realmente me fazem bem. E acima de tudo, aprendi a ser mais consciente com aquilo que deixo entrar na minha casa e, consequentemente, na minha vida.
Romantizar a vida
Uma coisa que tem mudado muito a forma como vivo o meu dia a dia é aprender a romantizar a vida. Percebi que não preciso de esperar por uma ocasião especial para usar a melhor loiça ou para pôr a mesa com mais cuidado. Nunca tenho roupa nova à espera de ser usada numa ocasião especial. Especial são todos os dias, por isso gosto de me rodear de coisas e espaços agradáveis, de cuidar dos ambientes que me rodeiam. Estes gestos simples podem parecer exagerados para alguns, mas a verdade é que me fazem sentir bem e ajudam-me a cuidar de mim e isso tem feito maravilhas pela minha autoestima.
Abrandar e desacelerar conscientemente
Outra coisa que mudou muito foi começar a permitir-me estar em silêncio. Durante muito tempo, fazia tudo com música, vídeos ou podcasts a tocar. O silêncio parecia-me estranho, quase desconfortável, como se precisasse sempre de algum som de fundo para me sentir acompanhada.
Mas comecei a perceber que, às vezes, é mesmo disso que preciso: de não ter nada a acontecer à minha volta. Agora, muitas vezes cozinho ou trabalho em silêncio, e esses momentos tornaram-se uma espécie de pausa no meio do dia. É curioso como, quando o ruído desaparece, tudo abranda, os pensamentos, o ritmo, até a respiração.
Também aprendi a desligar mais. Antes, ligava o computador logo depois do jantar ou ao fim-de-semana, a pensar que estava a adiantar trabalho. Mas, na verdade, só me deixava mais cansada e dormia pior. Hoje, faço um esforço consciente para parar. Desligo mesmo. Guardo esse tempo para descansar, ler, ou simplesmente não fazer nada.
Pode parecer uma mudança pequena, mas trouxe-me uma leveza enorme. Descobri que o silêncio e o descanso não são perda de tempo, são o que me ajuda a viver com mais calma e a estar realmente presente.
Desligar notificações
Desligar as notificações do telemóvel foi uma das decisões mais libertadoras que tomei. Durante muito tempo, vivi com aquela sensação constante de estar “em alerta”, sempre pronta a responder a tudo e a todos. O telemóvel não parava, e eu andava sempre a correr atrás de notificações. Só quando as desliguei percebi o quanto isso me deixava ansiosa. Agora, sinto-me mais tranquila, mais focada e realmente presente no que estou a fazer.
Também comecei a desligar o telemóvel algum tempo antes de me deitar. Não é sempre fácil, mas vale mesmo a pena. Noto uma diferença enorme na qualidade do meu sono porque este hábito simples ajuda-me a terminar o dia com mais serenidade.
Escrever
E por fim, a escrita. Escrever tem sido uma das ferramentas mais poderosas no meu processo. Colocar no papel os meus pensamentos, preocupações e sentimentos ajuda-me a libertar a mente. Mas também gosto de manter um caderno de gratidão. É impressionante como, quando nos damos tempo para escrever, conseguimos perceber quantas coisas boas existem no nosso dia a dia. São os pequenos momentos que nos mostram que a felicidade está ali, nas coisas simples.
Quando olho para trás, percebo o quanto mudei. Aquela pessoa sempre apressada, ansiosa, que sentia que nunca tinha tempo para si, deu lugar a alguém que aprendeu a abrandar. A valorizar os pequenos gestos, a encontrar beleza nas rotinas simples e a dar espaço ao silêncio. Não foi um processo rápido, nem perfeito mas foi um processo real, e transformador.
Hoje sei que viver com mais calma não significa ter uma vida sem problemas. Significa apenas aprender a lidar com eles de outra forma, com mais clareza, com mais serenidade. Cada escolha, cada ritual, cada gesto consciente é uma maneira de cuidar de mim e de me lembrar do que realmente importa.
E é nesse caminho, cheio de simplicidade e intenção, que tenho encontrado o meu equilíbrio.
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